Clarice Lispector

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.

A palavra é o meu domínio sobre o mundo.

Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, Depende de quando e como você me vê passar.

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.

Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...  Ou toca, ou não toca.

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós.

E se me achar esquisita, respeite também. até eu fui obrigada a me respeitar.

Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.

Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.

Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.  Sou irritável e firo facilmente.  Também sou muito calmo e perdôo logo.  Não esqueço nunca.  Mas há poucas coisas de que eu me lembre.

Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.

Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.

Que minha solidão me sirva de companhia. que eu tenha a coragem de me enfrentar. que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.

Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.

Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada

Estou procurando, estou procurando. Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.

A única verdade é que vivo. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem, isso já é demais....

Porque há o direito ao grito. então eu grito.

O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.

Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo.

Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever

E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.

Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.

Não sei se quero descansar,por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir

Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante.

Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.

Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.

Gosto do modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.

O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?

Perder-se também é caminho.

Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.

O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão mais inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.

Mais em breve !

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